Soneto da meia luz
Não fique ou vá, não despeça ou ignore
Evite avisar ou me surprender
Peço que não acalme nem apavore
Não deixe vivo a sofrer nem morrer
Se for não ou sim não me diga agora
Nem depois ou qualquer tempo que for
Não suma mas não fique onde já mora
Não desejo alegria nem torpor
Quero viva a esperança de talvez um dia
Hesitantes passos na porta da saída
Uma dúvida permanente de vigia
Nossos olhares presos entre a volta e a ida
Um misto de raiva e contida simpatia
Na meia luz da tarde quase anoitecida