Poesia, prosa e outros textos

Não fique ou vá, não despeça ou ignore Evite avisar ou me surprender Peço que não acalme nem apavore Não deixe vivo a sofrer nem morrer Se for não ou sim não me diga agora Nem depois ou qualquer tempo que for Não suma mas não fique onde já mora Não desejo alegria nem torpor Quero viva a esperança de talvez um dia Hesitantes passos na porta da saída Uma dúvida permanente de vigia Nossos olhares presos entre a volta e a ida Um misto de raiva e contida simpatia Na meia luz da tarde quase anoitecida

"Até que a morte nos separe" é para meros mortais Nosso amor nos fará viver por toda a eternidade Na saúde e na doença; na vida, na morte e na saudade Enquanto nos amarmos não morreremos jamais

Há sorrisos introvertidos que não se  deixam ver em imagens Há lugares que visitamos sem nos pormos em viagens Paixões que não vivemos mas apaixonados ainda somos Amores que não são nossos mas sentimo-los mais que os donos

Tu não sabes o que vivi quando quase nem vivia Os desertos por que passei onde areia nem havia Não sabes que dores tive e que amores perdi Sabes tanto de mim quanto eu nada sei de ti

Danço contigo ao ar livre e danço pra ti entre quatro paredes Sigo os passos que me ditas, faço do jeito que me pedes Obedeço as tuas ordens e não falho nem por um triz Porque é te obedecendo que eu levo uma vida feliz

Chamo-te linda quando encarno minha forma singela E deslumbrante quando tento ser um realista Uso termos que só quem entende é um artista Quando quero te ofender chamo-te apenas bela

Tento me equilibrar nas linhas dos versos, embriagado Querendo rimar sem perder o teor do conteúdo Para não confessar mais do que pretendo, fico mudo Num curto intervalo de lucidez bastante forçado

Olhe por onde andas que ainda pisas o meu coração Veja como pousas os teus pés em cada chão Teus sapatos não são plumas nem meu peito alcatrão Cuide dos teus passos e dos lugares por onde vão